Em abril de 1982, enquanto examinava uma liga de
alumínio e manganês em um microscópio de transmissão eletrônica, Shechtman
deparou com uma imagem que contradizia tudo o que já haviam publicado, a
imagem observada mostrava que os átomos em um cristal poderiam ser
agrupados em um padrão que simplesmente não se repetiria jamais. E claro,
disseram-lhe que ele estava propondo o que não existia já que até
então acreditava-se que em toda matéria sólida os átomos se agrupavam
dentro de cristais em padrões simétricos repetidos de forma periódica e
constante e que essa repetição era fundamental para se obter um cristal, como
um diamante.
Seu primeiro artigo submetido a um artigo periódico
na área de Química em 1983 foi rejeitado pelos pareceristas. Esses
sugeriram que os resultados da pesquisa fossem publicados em uma revista de
metalurgia, o que acabou sendo feito por Shechtman e seus colaboradores.
E em 1984, uma versão resumida do primeiro artigo
original sobre os quasicristais foi submetida e aceita pela prestigiosa Physical
Review Letters, o que contribuiu para a maior aceitação da descoberta.
Mesmo após a publicação, sua pesquisa não foi bem
aceita, inclusive Linus Pauling ( único a ganhar sozinho o Nobel em duas áreas
diferentes -Química e Paz) duvidou e detratou dizendo que não
existiam quasicristais ou quasimateriais, mas sim “quasicientistas”.Pauling
achava que sabia de tudo, disse Shechtman. O que tinha de brilhantismo,
faltava-o em humildade.
Segundo Shechtman, uma pesquisa que realizou em 1987
juntamente com pesquisadores da França e do Japão, em que analisaram a
estrutura de um cristal maior do que os inicialmente estudados, contribuiu para
a comprovação definitiva da existência dos quasicristais, utilizados hoje no
desenvolvimento de materiais que vão de aços inoxidáveis mais resistentes a
isolantes elétricos e térmicos.
Agência FAPESP – Uma das mais importantes
descobertas na química nas últimas décadas – com aplicações nas mais diversas
áreas, como a de engenharia de materiais – enfrentou o ceticismo de boa parte
da comunidade científica até ser aceita após mais de uma década. Aceitação que
culminou com o prêmio Nobel.
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